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Pai abandona emprego e muda rotina para acompanhar tratamento de filho com câncer

08/08/2016 às 08:16

Pai abandona emprego e muda rotina para acompanhar tratamento de filho com câncer

 Abandonar um emprego. Essa foi a medida mais drástica que Paulo Pereira Guedes, 39 anos, decidiu adotar para acompanhar o tratamento do filho Matheus Ribeiro Guedes, 14 anos, diagnosticado com câncer no cérebro há oito meses.

Sem ter um cuidador e disponibilidade da mãe para ficar com o filho na Associação dos Amigos das Crianças com Câncer (AACC-MT), em Cuiabá, Paulo veio de Colniza (distante a 1.065 km de Cuiabá), para acompanhar as consultas e o tratamento do garoto que deve ser realizado intercalado durante os dias da semana.

A rotina já dura seis meses. E, agora, Paulo sabe que no ‘Dia dos Pais’, que este ano é comemorado no dia 14 de agosto, será diferente do que ele passou nos últimos 14 anos.

Primeiro porque ele está longe da família. A esposa veio no começo do tratamento do menino quando ele retirou o tumor da cabeça, mas o câncer voltou. Nesse, período ela desenvolveu uma doença e não podia continuar com o filho que, à época, estava internado no Hospital do Câncer.

Então, foi feito a troca. A esposa voltou para trabalhar como doméstica e alimentar os outros três filhos, e Paulo ficou com Matheus na esperança de encontrar bons resultados.

Em Cuiabá, Paulo está impossibilitado de procurar emprego, pois enfrenta a rotina diária de levar Matheus em consultas e quimioterapias. Eles vivem na cidade com ajuda de alguns familiares e amigos. Porém, a AACC é quem garante, por meio de doações, mais da metade das despesas com alimentação e hospedagem.

“Aqui a gente vive, crê e espera em milagre. No começo não dormia. Ficava pensativo, mas percebi que esta situação só traria prejuízos para meu filho, pois deveria encontrar forças onde não tinha para dizer que ele vai passar e sair vitorioso dessa situação”, disse o pai.

Paulo lembra que os sintomas da doença começaram em janeiro deste ano. Matheus sentia fortes dores de cabeça e tomava medicamentos e analgésicos para cortar a dor. Porém, o efeito do remédio passava rápido e, com isso, os pais decidiram levar o filho para realizar uma bateria de exames.

“Foi coisa rápida demais. Fizemos muitos exames e quando pegamos o resultado o médico informou sobre o tumor da cabeça. Então começamos o preparativo para realizar a cirurgia, pois, segundo o médico, o quadro de melhora seria rápido, no entanto, ele ficaria com séquelas. Só que após a cirurgia não ficou sequelas pela misericórdia de Deus, porém o câncer voltou e mais forte”, contou o pai.


Agora, indagado pela reportagem do HiperNotícias sobre o futuro, Paulo disse que não pode planejar a vida porque segundo os médicos o menino ainda deve permanecer na cidade para continuar com o procedimento médico.

“Não sei quando vou ver meus outros filhos e minha esposa. A saudade é imensa. Já chorei muito, mas estou fazendo pelo Matheus o que faria pelos outros. Sou capaz de dar a minha vida e fazer o que for preciso para trazer a saúde do meu filho. Porque o que importa para mim é ver o sorriso nos lábios dele”, afirmou.

Entrando na conversa meio receoso por conta da câmera, Matheus disse que tem orgulho de ter um pai como o dele.

“Apesar da distância dos meus irmãos e da minha mãe, que isso faz meu coração doer, eu tenho o meu pai que ajuda na casa, cozinhando, limpando, e me acompanhando nas consultas. Isso ajuda a diminuir a tristeza porque quando olho para ele sinto segurança. E, afinal, não vou passar o Dia dos Pais longe dele como passei o Dia das Mães longe da minha”, concluiu.

Fonte: HiperNoticias - Por: RAYANE ALVES

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