Imprensa

Entre Tangará e Cuiabá, gestante conta rotina de tratamento de sua filha que tem câncer

15/05/2017 às 08:15

Entre Tangará e Cuiabá, gestante conta rotina de tratamento de sua filha que tem câncer

 Abandonar o emprego e decidir que sua vida a partir de um diagnóstico tão inesperado passasse a ser em prol da pequena Mariana Ávila de 10 anos foi à medida mais solidária e humana que o coração da mãe Josenilda Ávila decidiu adotar para acompanhar a filha no tratamento contra o câncer. A doença foi detectada há um ano e nove meses.

Sem ter uma cuidadora e disponibilidade do pai para ficar com a filha na Associação dos Amigos das Crianças com Câncer (AACC-MT), em Cuiabá, Josenilda leva a vida entre Tangará da Serra (distante a 242 km de Cuiabá) e a Capital.

O tratamento passou para Cuiabá porque o Hospital do Câncer é referência em consultas e no tratamento da criança que precisa ficar em observação durante 20 dias do mês. Apenas nos outros 10, é que Mariana volta para casa com a mãe para tentar levar a vida um pouco mais normal ao lado da avó, que tem 70 anos, e sustenta a casa sozinha desde que Josenilda precisou abandonar o emprego.

Neste domingo (14), data em que é comemorada o ‘Dia das Mães’, Josenilda se sente triste porque não pode fazer com a família a programação que desejava por conta das restrições médicas da menina. Além disso, ela também está impossibilitada de ficar ao lado da mãe que mora sozinha em Tangará da Serra.

A doença rabdomiossarcoma embrionário (um tipo de câncer de origem embrionária que atinge as células que se tornam músculos do corpo) apareceu em 2015 quando o rosto de Mariana começou a inchar. “Achei que era caxumba e levei a Mariana para fazer todos os exames. Mas, ela foi transferida para Cuiabá para o setor de infectologia e lá a médica encaminhou para um mastologista e na primeira biópsia já saiu o resultado do câncer”, lembrou.

Depois de receber o resultado, o mundo de Josenilda caiu. Ela não quis acreditar na situação, mas precisava ser forte para levar a filha em todos os locais necessários.

Mariana começou na terapia, fez um ano de quimioterapia e encerrou com 28 sessões de radioterapia. Após, isso ela passou por tomografia, ressonância e retilografia óssea. Resultado: curada.

Ficou seis meses fora do tratamento, mas ainda ia uma vez ao mês no médico para fazer acompanhamento.

Já em dezembro do ano passado, Josenilda estava com problemas no casamento e se separou do marido. E, três semanas antes do Natal, Mariana recebeu outro diagnóstico que o câncer tinha voltado no rosto em uma região mais abaixo.

Josenilda ficou preocupada e viajou com a filha para São Paulo para ver se ainda teria a possibilidade de fazer a cirurgia antes de iniciar a quimioterapia. Só que o resultado médico não foi o mais esperado pela família já que o tumor estava grande e ela precisava passar por pelo menos três blocos de quimioterapia.

Agora, ela já está no terceiro bloco e no sábado (13), vai receber alta e quem sabe ser autorizada a passar por uma cirurgia.

“Minha vida mudou. Sai da AACC para o Hospital e do Hospital para AACC. Sem contar que não posso acompanhar ela nas sessões durante o dia por causa da gravidez. O cheiro é forte e posso passar mal e ainda correr risco de perder a criança. Sobrevivo com ajuda das pessoas. Minha renda mensal é R$ 400 que é o valor da pensão do pai dela. Quando tenho um tempo faço tapetes para vender. Com certeza meu maior sonho e presente seria ouvir do médico. Mãe a sua filha está curada”, chorou.

Ainda em entrevista ao HiperNotícias, Josenilda contou que agradece a Deus todos os dias por ter colocado pessoas na vida dela voluntária para ficar com Mariana no hospital.
“Penso nela dia todo. Meu coração dói por ver ela nessa situação. Às vezes ela precisa ser furada três vezes para conseguir encontrar a veia. Não come, não bebe fica debilitada em cima de uma cama e não posso fazer nada. Daria tudo para ficar no lugar dela”.

Uma das coisas que tem animado Mariana a seguir em frente, é o nascimento do bebê que se aproxima. Com a mãe ela já até escolheu os nomes. “Se for menino vai se chamar Otávio e se for menina será Sofia”.

Fora isso, ela reclama para a mãe por não poder fazer o que mais gosta. Ter um cachorro, andar de bicicleta e tomar banho de rio.

“Converso com ela todos os dias que isso é apenas um processo. Ela vai voltar a ficar bem. Falo que cabelo não importa o que importa é a saúde. Com isso, ela se sente mais aliviada. Então o que deixo para as mães é que elas não abandonem os filhos, não mate. Valorize a vida do seu filho porque o mais triste é ver alguém que você tanto ama em cima de uma cama chorando muito por causa da dor para conseguir se manter de pé”, finalizou.

Fonte: Hiper Noticias

e-box - Sitevip InternetSitevip Internet